Antônio Vieira: o império do outro mundo e o império deste mundo
O livro analisa a relação entre as ações de Antônio Vieira no mundo dos homens e sua concepção de que o Reino de Portugal havia sido escolhido por Deus para universalizar o cristianismo. Para o jesuíta era preciso fortalecer econômica, social e politicamente o Reino português, para construir o Quinto Império, o Império de Deus na Terra. Para tanto, era necessário fortalecer o Rei da restauração, o "Estado", a produção e o comércio, e, desta forma, garantir a expansão do Império Português. Ao buscar a universalização do Reino de Deus na Terra, Vieira analisa o mundo material, a guerra, as relações internacionais, a vida política do Reino de uma forma extremamente racional, pois mesmo falando do Céu, tem os olhos na Terra. O trabalho é apresentado em quatro capítulos. Em "o jesuíta e o sapateiro", o cerne da análise são os projetos messiânicos de Vieira. A partir de uma interpretação das trovas de Bandarra, que, segundo seu entendimento era o "verdadeiro profeta", Vieira procura demonstrar que Portugal estabelecerá o "quinto Império" no mundo. O capítulo seguinte, "Sobre cometas e arco-íris" analisa as posições do jesuíta sobre os fenômenos naturais e sobre as explicações que os homens do século XVII produziam sobre tais fenômenos. Nesse capítulo procuramos verificar se Vieira expressa concepções aristotélicas-tomistas e se tem a verdade revelada pelos sábios como fonte do conhecimento. Procuramos ainda analisar se de alguma forma o conhecimento sobre o mundo natural produzido na modernidade é compartilhado por Vieira. O capítulo seguinte, "O império deste mundo", tem como foco questões de caráter político e socioeconômicas. Privilegiamos a discussão sobre a escravidão africana e sobre os cristãos--novos não apenas em razão da relevância desses temas, mas, principalmente, porque essas duas lutas de Vieira foram vistas por analistas como lutas contra as injustiças sociais de seu tempo. De forma diversa, como pretendemos mostrar, consideramos que a abordagem de Vieira sobre os escravos africanos e sobre os homens de negócio decorre de sua concepção de sociedade. Finalmente, no último capítulo, analisamos como o contato com o Oriente e principalmente com a colonização do Brasil, com a construção de um novo mundo, contribuiu decisivamente para a produção de novas relações sociais de novas mentalidades e, por conseguinte, de uma nova cultura religiosa.
http://siteadmin2.uem.br/dhi/publicacoes_da_eduem/antonio-vieira-o-imperio-do-outro-mundo-e-o-imperio-deste-mundo.jpg/view
http://siteadmin2.uem.br/dhi/publicacoes_da_eduem/antonio-vieira-o-imperio-do-outro-mundo-e-o-imperio-deste-mundo.jpg/@@download/image/0005.jpg
Antônio Vieira: o império do outro mundo e o império deste mundo
O livro analisa a relação entre as ações de Antônio Vieira no mundo dos homens e sua concepção de que o Reino de Portugal havia sido escolhido por Deus para universalizar o cristianismo. Para o jesuíta era preciso fortalecer econômica, social e politicamente o Reino português, para construir o Quinto Império, o Império de Deus na Terra. Para tanto, era necessário fortalecer o Rei da restauração, o "Estado", a produção e o comércio, e, desta forma, garantir a expansão do Império Português. Ao buscar a universalização do Reino de Deus na Terra, Vieira analisa o mundo material, a guerra, as relações internacionais, a vida política do Reino de uma forma extremamente racional, pois mesmo falando do Céu, tem os olhos na Terra. O trabalho é apresentado em quatro capítulos. Em "o jesuíta e o sapateiro", o cerne da análise são os projetos messiânicos de Vieira. A partir de uma interpretação das trovas de Bandarra, que, segundo seu entendimento era o "verdadeiro profeta", Vieira procura demonstrar que Portugal estabelecerá o "quinto Império" no mundo. O capítulo seguinte, "Sobre cometas e arco-íris" analisa as posições do jesuíta sobre os fenômenos naturais e sobre as explicações que os homens do século XVII produziam sobre tais fenômenos. Nesse capítulo procuramos verificar se Vieira expressa concepções aristotélicas-tomistas e se tem a verdade revelada pelos sábios como fonte do conhecimento. Procuramos ainda analisar se de alguma forma o conhecimento sobre o mundo natural produzido na modernidade é compartilhado por Vieira. O capítulo seguinte, "O império deste mundo", tem como foco questões de caráter político e socioeconômicas. Privilegiamos a discussão sobre a escravidão africana e sobre os cristãos--novos não apenas em razão da relevância desses temas, mas, principalmente, porque essas duas lutas de Vieira foram vistas por analistas como lutas contra as injustiças sociais de seu tempo. De forma diversa, como pretendemos mostrar, consideramos que a abordagem de Vieira sobre os escravos africanos e sobre os homens de negócio decorre de sua concepção de sociedade. Finalmente, no último capítulo, analisamos como o contato com o Oriente e principalmente com a colonização do Brasil, com a construção de um novo mundo, contribuiu decisivamente para a produção de novas relações sociais de novas mentalidades e, por conseguinte, de uma nova cultura religiosa.