Francielli Tonet Maciel
O objetivo deste trabalho foi o de verificar a ocorrência de diferenciais de rendimentos entre migrantes e não-migrantes, ou seja, se há o fenômeno de auto-seleção entre os migrantes internos no Brasil, com ênfase sobre o efeito do tempo de migração. Esta aplicação foi estendida para captar os diferenciais por região de destino, e o impacto sobre a distribuição de renda regional. O método utilizado consiste da estimação de uma regressão minceriana para o logaritmo da renda, usando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) referente ao ano de 2009. No Brasil, o rendimento dos migrantes é 4,8% superior ao dos não-migrantes e considerando o tempo de migração, o rendimento dos indivíduos que migraram há menos de 10 anos é em média 11% maior e o dos que migraram há 10 anos ou mais, 2,7% maior, ou seja, há seleção positiva entre os migrantes. Entre as regiões apenas o Sudeste não apresentou seleção de migrantes, no entanto, quando considerado o tempo, em todas as regiões os migrantes mais recentes são positivamente selecionados. Como resultado, verificou-se que o tempo de migração exerce influência não apenas sobre os diferenciais de rendimento como sobre a desigualdade de renda regional. O efeito da migração na última década sobre a distribuição de renda entre os estados e as regiões é positivo, e uma possível explicação para esse fato é a diferença entre as características observáveis da população migrante comparada as da população não-migrante para cada região particularmente.