+

Fortuna Crítica

Palavras de crítica, por Manuela Stersa Versoza: 

"Lygia sempre teve o sonho de ser escritora. Escrevia crônicas, contos e participava de concursos literários de sua escola, tendo ganhado dois primeiros lugares. Com o passar do tempo, a autora sentiu necessidade de se expressar de outra forma, o que a levou, sem querer, à poesia.

Seu primeiro livro foi publicado em 2002 e apenas o publicou por conta do incentivo de uma amiga que trabalhava no Colégio Marista, que dizia à Lygia que queria inserir o livro Pedaço Eleito de Chão na lista de paradidáticos dos alunos do Ensino Fundamental II. Sem esse fato, Lygia não teria publicado, pois nunca demonstrou interesse em exibir seus escritos.

Para serem analisadas neste trabalho foram escolhidas quatro obras da autora:

Pedaço eleito de chão (2002);

Moinho do tempo (2003);

Meu coração no teu (2005);

Lampejos: poesia mínima (2012).

Os temas mais recorrentes em todas as obras de Lygia são: Religião, Família, O Rural, Londrina, o passar do tempo, etc. No seu primeiro livro publicado, o tema predominante é o de sua cidade natal, onde Lygia expõe a importância de Londrina e como “cada canto” da cidade era capaz de trazer grandes sensações a ela, assim como em seu poema Londrina (ARAÚJO, 2002, p.10). Neste livro, Lygia também procurou utilizar elementos típicos do dia-a-dia rural.

No segundo livro, o passar do tempo é o tema predominantemente contemplado e, em um de seus poemas, intitulado Coração de Menino (ARAÚJO, 2003, p.21), Lygia enaltece a importância do menino valorizar sua infância e permanecer menino por muito tempo. Uma das ferramentas que Lygia utiliza para tal é a reiteração do termo Menino (Coesão Referencial).

Em seu terceiro livro, Lygia trabalha apenas com um tema: Religião. A autora justifica essa escolha por, naquele momento, ter vivido um florescimento espiritual.

No quarto livro da autora, é possível perceber a redução de tamanho em suas poesias e é possível notar a predileção da autora por flores e paisagens. Emily Dickinson, poeta norte-americana do século XIX, influenciou Lygia nesse aspecto, pois com ela é que conheceu o gênero Haicai.

A autora reconhece a importância da voz feminina na poesia, sem retirar a importância das demais vozes, mas reconhece que as mulheres não tiveram o mesmo privilégio de poderem se expressar da mesma forma que os homens (tolhimento feminino excessivo), o que veio a cair por terra com o Modernismo. Lygia se classifica como feminina, por dizer “A pessoa... Ela é o que ela é”, mas reconhece o movimento feminista e confirma que ele teve sua razão de ser.

A partir da análise das obras da autora, pode-se concluir que o exprimir de uma ideia de forma polida não precisa necessariamente ser visto como uma forma de enganação, mas sim de evidenciar a esperança que pode existir no pensamento de um escritor que retrata a realidade.

Conclui-se também que há um enorme vínculo afetivo entre a autora estudada e sua cidade natal e que essa relação reflete notavelmente em suas obras".