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Fragmentos

Lassidão de palavras

(Dissecando a agonia)

 

Oh lassidão de palavras

Sem sentido

Sem mais nada.

Buscar palavras e uní-las,

E achar que não formam nada

Além de origens horizontais.

 

Com meus pecados

(Dissecando a agonia)

 

Com meus pecados

Com meus desesperos

Assim sou.

Não sei como me queres

Se dizes se não dizes

E sabes

O que sou

Pobre.

Esquecida

Com meus pecados

Com meus desesperos

Assim sou.

 

Instante

(Dissecando a agonia)

 

Impossível que a ternura se perca

No horizonte ondulado de tua face em delírio.

Teus olhos são gaivotas repousadas em algas

Na paisagem em rede de meu corpo esquecido

 

Perduram em meus cabelos os fragmentos de ontem,

Quando alados e breves ansiamos o sonho

Com que esquecer o longínquo jamais alcançado,

Infinito, quebrado em rosais e arvoredo.

 

Mãos serenas de conchas esquecidas na praia.

Na imensa solidão das palavras pensadas

Somente sombra e calma nas retinas de luto.

 

Não pode haver agora um limite em nossas vozes

Que se encontram no imenso e se perdem e se buscam

No profundo insondável deste mar percorrido.

 

Pavana N. 1

(Dissecando a agonia)

 

Quando a menina olhava as mãos

Pensava sempre num fio de lá gigante

Para aquecê-las.

 

Mas suas mãos gelaram tanto, tanto

Que não há mais um fio assim tão longo

Para envolvê-las.