Fragmentos da obra
a bruxíssima trindade
vestindo a elétrica
do mundo
onde o céu
ferve
aves, escamas, auréolas
entortam-se os cotovelos
da papisa
despe-se anticristo
nas labaredas
de um santo ofício
a mulher ondula
debaixo
de triângulos
naja diluída
na bíblia
volátil
do sol
escreve
em infinitas casas
irracionais
a irrigação
-
* KARI’BOCA
o oceano lambe-se como um gato
do mato
meus ossos de navio
trocam a floresta
por um espelho mercante
mil indígenas assoviam
dentro das vértebras
evangelizadas
finjo-me especiaria
de pó finíssimo
estátua de colorau
o canto tribal das ondas
aprende o idioma
dos marinheiros
deixo que me cortem a língua
de pajé
cauterizo o choro titânico
nas águas falantes
que cobriam a terra
antes dos mapas
a maré vermelha bebe meu nome