Fragmentos da obra
REQUINTE
Consagrei a êste amor soberbo e dominante
tôdas as faculdades do meu ser.
E vou para êle assim maravilhada,
como quem bebe um vinho rubro e forte;
ou como quem compôs, num vaso raro,
um grande ramo de rosas;
ou como quem afunda as mãos, gostosamente,
num punhado de plumas perfumadas.
FECUNDAÇÃO
O rebenque do progresso
riscou sôbre a carne da terra
ps vergões das estradas.
E vieram as máquinas tôdas,
as humanas, quase brutas,
mais as brutas, quase humanas.
As máquinas tôdas
feriram
sangraram
cortaram
à fôrça de braços, de braços dos aços e de braços de carne
a carne dorida
da terra selvagem.
E dêsse martírio
do solo fecundo,
brotaram as contas
vermelhas de sangue
do sangue - riqueza
da terra morena
coalhada em rubis.
CAFÊZAL!
ÍMPETO
Isto, que faz de mim a artista deslumbrada,
extasiada de dor bêbada de sonho,
boêmia de ilusão e cantadeira de amor,
falena de alegria, escrava da beleza,
isto é o meu grito mágico de raça,
da minha raça esplêndida de artista.
Esta fôrça imortal que me impele a a cantar
o sonho e a dor e o amor e a beleza e a alegria
- impulso audaz e imperioso -
é o ímpeto sagrado do meu sangue,
embriaguez, vertigem do infinito,
minha gloriosa predestinação!
(Poemas retirados de Antologia didática de escritores paranaenses, 1970)